Legalize!

A venda de marijuana foi hoje um motivo para o passeio pelas cidades do mundo. Deixo aqui a minha opinião.

Em boa verdade, esta marcha não me prejudicou em nada, nem afectou a minha modesta existência.

Não fosse a comunicação social, dedicar largos minutos à questão, há falta de mais, e melhores, temas, dando-lhe um protagonismo desmesurado, nem me aperceberia de tal desfile de alguns (poucos) desalinhados, vestidos de maneira pouco lavada, procurando ser um misto foleiro entre os hippies e os cantores de reggae.

Contudo, não posso deixar de manifestar, enquanto pai e cidadão deste país a minha apreensão. Considero que nenhuma destas manifestações é verdadeira e/ou integra. Na realidade, são apenas o espelho de um movimento que procura, com pequenos passos, aparentemente insignificantes, legalizar o uso e consumo de um estupefaciente que leva à dependência.

Por outro lado, é público e notório que a marijuana é, sempre, a primeira etapa de consumo de todos aqueles sofridos e torturados pela adição a substâncias psicotrópicas.

Apresentam, como fundamento de tal iniciativa, a inexistência de investigação de tal substância que claramente ignora as suas manifestas capacidades terapêuticas.

No entanto, não deixo de estranhar que não apresentem qualquer estatística ou estudo que demonstre tal facto. Porque, enquanto leigo no campo das ciências e da medicina, custa-me crer que só agora, como por pozinhos mágicos, descobriram que a marijuana vem curar todos os nossos males.

Mas, ainda que tal tivesse acontecido, faltou, também, a presença de alguma autoridade científica, com provas dadas no sector, que corroborasse a validade de tal quimera.

Não é defensável que se venha dizer que procuram legalizar em Portugal porque noutros países o consumo livre já é permitido. Para mim, tal asserção é equivalente a afirmar que como no estrangeiro já se comete essa enormidade, também em portugal se deveria ser cometer.

A questão fundamental reside em quem tem, ou deve, ter autorização para o uso e manuseio de tal substância.

Salvo o devido respeito por melhor opinião, tal como o uso da força, que está restringida ao Estado, sempre na defesa do Interesse Público, também o uso destas substâncias deve ser restringindo, tão só, e apenas, ao Estado no uso das suas funções de defesa e prossecução do Interesse Público.

Nunca, num Estado de Direito, que deve chamar a si a defesa dos Interesses Públicos, nos quais se incluem, como acredito, a criação das melhores condições para o crescer e desenvolvimento das crianças e dos jovens, deve ser permitido o uso e consumo de qualquer substância psicotrópica. Tal ideia contraria amplamente a defesa dos Interesses Públicos.

Nem se venha dizer que a liberalização de tal substância permite o uso responsável de tal substância. Porque, tal como tabaco, que não deixa de ser uma substância psicotrópica, se a marijuana fosse legalizada então haveria menores a consumi-la de forma irresponsável (os menores encontrariam maneira de passar os meios de controlo e fiscalização de venda de tal substância). Tal solução só permitiria a mais fácil degradação da condição humana dos viciados.

Quanto ao flagelo do tráfico de droga. É uma questão complicada que a análise não pode ser feita de forma simplista e leviana. O Estado tem a obrigação de dedicar consideráveis meios ao combate desta actividade, mais vil e asquerosa, que homem pôde inventar. Não vi nesta manifestação qualquer incentivo à luta a este flagelo. Pergunto-me, sem querer estar a ser muito conspirativo, se não terão sido alguns “barões da droga” a patrocinar tal evento.

Deixo também uma crítica depreciativa, que aliás não é difícil, à comunicação social que publicita tais acontecimentos, que merecem apenas o destaque de uma nota de rodapé. De forma maquiavélica obtém as tão desejadas audiências, ainda que tal possa provocar uma alteração social com danos sociais graves.

Sem comentários: